BORGES DA SILVA
BORGES  DA  SILVA

Os gangs de graffiti deformam o coração de Praga

Por Francis Harris em Praga Os “artistas” de graffitis estão a desfigurar o centro de Praga, infligindo sérios danos em alguns dos mais belos edifícios do Norte da Europa. 10anos antes do colaço do comunismo, as autoridades tinham que montar vigilância 24h sobre 24h para impedir os ataques do graffiti. Até mesmo a ponte medieval Charles Bridge, um símbolo da capital Checa e uma das principais atracções turísticas, tornou-se numa presa para estes “artistas”, com assinaturas pintadas tirando parte da beleza desta estrutura do séc. XIV. As entidades oficiais afirmam que 10 dos 20 edifícios mais importantes do centro da cidade foram atacados. A utilização de removedores químicos de tinta modernos está a danificar os materiais antigos de construção destes edifícios.

Existem também grandes dúvidas acerca do seu desempenho. Um conservacionista disse uma vez: “mesmo quando tiramos o graffiti as marcas permanecem. Nunca poderemos remover completamente estas marcas destes edifícios.” A única alternativa é contratar restauradores para limpar estas marcas, mas estes são muito dispendiosos. Praga escapou a sérios danos durante a 2ª Guerra Mundial e é a mais completa capital do Norte da Europa em termos arquitectónicos. Contém exemplos de estilos de edifícios europeus desde aos 600 anos até à actualidade.

Apenas no centro da cidade existem mais de 300 palácios Barrocos. Todos os esforços para pôr fim a estes ataques a toda esta colecção de palácios, igreja, pontes e outros edifícios esbarraram na barreira da burocracia. Com pelo menos 8 corpos partilhando a responsabilidade, os oficiais admitem que o resultado é caótico. A polícia não tem dados estatísticos acerca do crime e não pode dar uma estimativa do número de adolescentes envolvidos, apesar de os custos de limpeza de graffitis das estações de comboios ascenderem já a 170.000 € por ano.

Quando questionado acerca de qual a acção que o governo pretende tomar quanto a este problema, Ondrej Sefcu, um responsável no instituto para os monumentos históricos, ele responde: “Estamos a pensar no problema. Organizamos já 2 seminários, reunindo artistas, psicólogos e conservasionistas, mas temos que aceitar que se trata realmente de um problema da sociedade e que em democracia não é possível acabar com este problema.” Jan Koukal, um anterior presidente da Câmara, olha para a maior parte dos grafistas como vitimas e questiona-se se uma resposta vigorosa por parte das autoridades resolveria o problema. Ele afirma: “nós não pretendemos apenas tomar medidas repressivas.

Queremos tentar encontrar uma forma de comunicação com os grafistas.”. Fontes oficiais na Câmara de Praga dizem que uma nova estratégia está a ser delineada, mas foram incapazes de nos fornecer detalhes. Enquanto isso, esta apatia por parte das autoridades já levou alguns municípios a tomar as suas próprias medidas. Uma delas iniciou uma linha de informação, oferecendo 175 € para quem fornecesse uma informação que levasse a uma condenação. A pintura de graffitis era quase desconhecida em Praga antes da queda do comunismo. Mesmo nos primeiros anos de democracia havia pouco mais do que ocasionais palavras de ordem: “Russos vão casa” – escritas nas paredes. Acerca de 4 anos atrás gangs de adolescentes com idades compreendidas entre os 12 e os 18 anos, começaram a uma companha que transformou partes da cidade no equivalente visual de uma qualquer cidade ghetto da América.

Pensa-se que jovens artistas da academia de arte fazem também parte destes grupos de vândalos. Chamando-se a si próprios de “Os Escritores”, o gang baseia-se numa estrutura de célula como a maior parte dos grupos terroristas, como membros com papéis muito bem definidos, tais como vigilantes, condutores e outros. Muitos comerciantes da zona acreditam que os gangs contribuíram (assim como os condutores de taxis desonestos e os hotéis com preços abusivos) para a queda do número de turistas. Os visitantes representam uma enorme fatia de mercado na Republica Checa mas o número de visitantes tem vindo a descer cerca de 5% ao ano nos últimos 3 anos.